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Projeto Bike na Obra, em Belém, leva ações educativas para trabalhadores da construção civil

May 3, 2018

No I Encontro Nacional Bike Anjo – ENBA em 2014, foi solicitado aos signatários da rede, que representavam suas cidades, que escrevessem em um painel e depois apresentassem, entre outras coisas, as pretenções de atividades para desenvolverem em 2015. A ambição de ampliar a massa crítica belenense com trabalhadoras e trabalhadores da construção civil, público que mais utiliza a bicicleta para deslocamentos diários na capital paraense, visível em 2014 e constatado por pesquisa do DETRAN-PA em 2017, fez com que o anjo Murilo Rodrigues escrevesse sobre uma possível e necessária campanha educativa com o público-alvo supracitado. Começava ali o Bike na Obra.

A ideia começou a ser estruturada em texto com ajuda de Leonard Grala no ano seguinte e ficou adormecida por falta de recursos até a possibilidade de inscrevê-la no Edital de Fundo Local Bike Anjo, no final de 2017, onde foi agraciada e começou a ser tirada do papel. A ambição do projeto é grande e o valor orçado é muito maior que o valor ofertado pelo edital, mas foi o pontapé inicial necessário, que somado a determinação do voluntariado belenense começou a sair do papel no início de 2018, após o apoio de lojas de bicicletas de Belém e empresa administradora de condomínios, conseguimos os dois itens imprescindíveis.

O projeto consiste em ações educativas e de empoderamento para o uso da bicicleta pelo público-alvo, que estão sendo realizadas em canteiros de obras, sindicato, curso de formação para pedreiros e blitz nas ruas. Para tal, foi construído coletivamente um infográfico em forma de calendário 2018 para ser distribuído gratuitamente, com informações do Código de trânsito Brasileiro – CTB, dicas e a garantida do direito de ir e vir, com objetivo não só de informar, mas principalmente trazer o sentimento de pertencimento a cultura da bicicleta, mostrar que temos o direito à cidade e devemos resistir nas ruas para ampliar nossa visibilidade e assim garantir políticas públicas e melhores condições de trafegabilidade.

Aliada ao calendário, uma placa refletiva com logo do projeto e a palavra apelativa “RESPEITE” é entregue, com o objetivo de suprir a obrigatoriedade do CTB, garantindo a visibilidade de quem trafega de bicicleta no período noturno por ruas pouco iluminadas, criando também um elemento simbólico que vislumbra construir uma relação de cumplicidade entre os que pedalam, enaltecendo a categoria que cotidianamente brava os deslocamentos urbanos em condições adversas e garantem Belém como uma cidade que respira bicicletas.

As intervenções têm sido feitas com excelente aceitação por parte das trabalhadoras e trabalhadores da construção civil. Sempre com boas indagações, desabafos, dúvidas pertinentes e a gratidão por estarem sendo atendidos por um projeto dedicado exclusivamente a categoria. Alguns relatam que pedalam há décadas e nunca receberam qualquer tipo de orientação sobre o uso da bicicleta. Outro discurso recorrente é que não tinham certeza que o ciclista pode (e deve!) ocupar as vias de tráfego quando não há segregação para bicicletas. O principal é a gratidão por se enxergarem no material impresso. Por reconhecerem suas bicicletas e, principalmente, por deixarem a invisibilidade social.

O projeto está só começando a ser implantado em Belém. Aguardamos várias empresas avaliarem o mesmo e se manifestarem de que forma poderão abraçar a causa e contribuir. E nesse curto período, o compartilhamento de fotos das ações pelos signatários do Bike Anjo já apontam que será replicado em outras capitais. Esperamos assim contribuir para a ampliação da massa crítica tão necessária para as efetivas transformações sociais em nossa sociedade.

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